sábado, 18 de julho de 2009

Mangueira



Corrente

Mastro sem bandeira

Corpo

Rua

No verde não sentimos calor

Irradia o sufocar na cabeça

Reflexo no túnel

Rachadura do seu tempo

Queda em vão

Colapso do concreto

Jardim denegrido

Ruas despidas

Ruas com vida

Verde


Aquarelas periscópicas do dia. Vejo uma luz entre folhas nas mangueiras que choram na chuva. Furam. Atravessam raios. Quando me transporto nas ruas reflito o que dizer. Penso distante sem perceber. Mas o que deixar para ti se não respondes. Deixo sozinho um gesto. Como posso deixar apenas um beijo se os teus não sinto mais, me deixa sozinho para que se abafe uma agonia. Como deixar apenas um beijo para ti se deixei algo mais perdido. Neste túnel de verde infinito.

Retrato


O que falar de ti se tua face nos diz que é franca. Puro onirismo real que nos espanta. Uma afronta que sai como raio da tua boca. Punho afiado, espeto de faca. Corta os dentes da carne e sangra. Presença forte viva de gestos únicos que deixa lembrança. Mas o que falar mais de ti se nos encanta. Trago comigo o dia que verei contigo o retrato rasgado, amassado da esperança.

Voz


Busca-se sozinho esta resposta que não vem na ausência do abstrato. Procura novamente para ter certeza dos meus devaneios. Uma voz!

Carta de amor


O olhar do amoroso se cansa no paradoxo. Um fragmento que se distancia cada vez mais no infinito. Um discurso de melancolia, que me parece realejo. Alimenta o espírito na esperança sozinho. Mas direi que não te responderei mais, quando busco a tua voz em tom de resposta. Esta melodia que não vem sorrindo. Recuso continuar me calo. Na ausência da dor entristece me contamina. Esperando sempre uma resposta. Uma voz feminina. Uma voz de mulher. Uma resposta de mãe. Uma resposta de menina.

domingo, 12 de julho de 2009

Chuva


Faz tanto tempo que não choras. Enche a terra de vida, transborda alegria. Quando cai para mim é sempre sozinha e calada. Mostra triste aqueles que não tem abrigo. Mostra forte os devaneios que reflito. Que gosto tem quando tu não vens? Que gosto teria se fosse menos enérgica na baia. Tantos rios. Tantos rios me remetem. Euforia, lamúrios e idiosincrazias. Que gosto teria? (1998)

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Eu vivo extremo


Vejo. Esqueço. Tento futuro.
Perco o tempo. Procuro.
O tempo é pouco. Vida curta.
Vejo lembro. Distância tua.
Um brilho na face. Um calor na cuca.
Olhos cerrados. Pele nua.
Suor na carne. Saudade sua.
Relampeio certeiro. Escuto!
Bate sino. Surdo!
Sol na cara. Juro!
Pé quebrado. Luto!
Sozinho esquece.
Desculpa sua.
Eu vivo extremo.
Saudade sua.


O que seria de um dia ao claro embranquecido azulado e as pontas turvas brancas plumas no teu céu e as tuas rugas mais escuras se clareiam quando é noite e quando mais se via embrutecia-se a calmaria.

Saudade

Saudade


Saudade é um barco que não sai mais da terra. Saudade é um deserto com areias sem rastros. Saudade é um pai sem o filho. Saudade é um perdido que não quer ser achado. Saudade é um bêbado que não sai do mesmo bar. Saudade é uma ferida letal que esquecemos. Saudade é filosofar além do sofrimento. Saudade é ver mudar as formas. Saudade é envelhecer jovem. Saudade é voltar atrás. Saudade é relembrar o passado. Saudade é chorar pensando. Saudade é abraçar apertado. Saudade é morrer precocemente falando. Saudade é um prenunciado do abstrato.

Águas rasas. Águas profundas.

Água rasa, água profunda. Vem de um leito que não conhecemos. Aproxima do rosto o cometa e não se vê mais estrelas. Agora é tarde chegar entre as nuvens. Perpetuando cores negras entre os vaga-lumes e o arco que se destrói aos poucos, quando se contamina a fonte oriunda pela força. Testemunhe o paladar das flores e sinta o cheiro que sai das folhas. Tudo começa no início do rio. Percorreste uma pequena parte dele apenas. A outra você percorre voando, para não tocar sobre ela e não machuca-la a ferida que surge na terra. Tenta depois ouvir os sons que são transmitidos pelos seres pequeninhinhos. Pequenos iguais a criancinhas. Duendes, talvez! Quem sabe?

Materna Célula Fosfórica
Foram confluentes, expressos nas ruínas decadentes.
Sociedade não surge apenas se cria.
Replicam igualmente o zelo dos dias.
Criptografam vidas.
Materna célula fosfórica.
Formam-se ou estão vindo.
O escuro crescente estremece alvorada.
Pela rua ou praça. Sorridente se cala.
Tentam sempre sem saber o quê, não querem acreditar mais.
Apenas não agradam a expressão que marca os seus dilemas.
São cordeiros e espelhos, em um canto se denotam.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Em setembro verá que a porta só abre e a rua que me cerca e o corpo que rebate espera dizer algo que não digo alguma vez prefiro esta espera de quem deseja ver e ouvir algo diferente parece que a sombra é maior que o próprio e apertado se solta com tuas mãos que deixa quebrar por onde se deixa e minhas obras deixam setembro chegar quando parte em teu nome e você que não pode se prende em vida e um pouco de atribuição para poder não ver e agora o que poderia dizer mais se poupas minhas lágrimas e o caos que se forma para poder destruir e acabar repaginando nossos dias no calendário repete sempre explora a busca e olha para o fundo de quem é o mestre e aquele que não vê escuta quer aprender de forma mais rápida porque a pressa porque não cantas notas mais alegres estabanado vento que sopra de dia e de noite nas horas certas e na madrugada que chega deixa alguns encantados acordados e sempre parte deixando






Vento correndo
Vento atribuído
Atropelado
Corrompe o meu desejo

Como uma mostra do teu erro
Compassado respira
Vento nos teus cria
Vento carinho
Vento companheiro
Zéfiro menino

Predestinado conselho de abelhas e vaga-lumes diante do corpo corrompido na memória e tua irmã que procuras e o caos que surge vem diante de semi-deuses e a mulher e o seu irmão Apolo e Diana representação comparativa do Xintoísmo Izanagi e Izanami e quem diria constrói um paralelo e compões como ventania criativa Ocidente oriente Vento na igualdade vento democrático iguala e mistura

QUINTAL CULTURAL

Quantos guetos e paredes se misturam e se afastam pela parte escura do quintal. O que me afasta do sangue, quando se perde no televisor e no jornal. O que seria omisso calar e brandar o choro baixo sem poder falar. Andando pelas ruas sem árvores me deixa reflexivo demais, quando penso em Amazônia e outras raridades. O fruto me lembra natureza, mas corredores não se formam mais em verdes e o sonho de deixar intocado o transformado, que celibato maldito o querer ser igual, sendo tão diferente assim o incorrigível animal dual.
O que me difere do outro eu que vive em um espelho, o que seria característico semelhante a sua estrutura biológica se são muros em concretos que nos atrasam o elevar. Poderia ser exemplo de brasileiros que gracejam em adereços meu nobre progenitor gigantesco. O povo se lança para dentro e o desejo de modificar seus bairrismos coloniais alternados. A desestrutura interna reconstruída e a volta para dentro da caverna laceral com tantos santos em volta, que quando chegam aqui parecem tanto conosco e o amargar que ultrapassa nossos mares, brotam flores tão distantes daqui.
Vejo um sentimento triste sempre nas coisas que me interessam e outro sentimento vazio que conduz o vento, um sonoro apito, deixando saudades sem saber do que seria. Levo comigo na bagagem um enorme pensamento rítmico e as rimas e liras que se desprendiam de mim. Morfologicamente transmito em meus movimentos a dança de apresentar as estrelas que nasceram aqui e o orgulho ferido embutido com tantas diferenças. Abro uma caixa que parece mágica muda as cores e injeta alegrias. Um cristal ou um prisma que deixa como encanto o acordar em sonhos e o transmitir todo dia de um quintal cultural que ainda existe.


Este é o rastro que um foguete deixa no céu. A imagem é quase surreal. Um espetáculo surpreendente. Lástima é saber que o seu custo e seus resultados são a expressão da crueldade do ato desumano. Sim! Não é deus que é cruel e nem sua duplicidade aparente da face benévola do querer ser. É apenas mas uma genialidade da criação do homem. Seu lado animalesco que se maqueia. Ele torna o mundo um inferno e não Deus e suas diversas formas de vida na natureza do universo.




O que adianta deixar rastros pelo chão de pão se não são colhidos por ninguém.
CONHEÇAM OUTROS ESCRITORES PARAENSES

Ronaldo Franco
http://ronaldofranco.blogspot.com/


Paes Loureiro
http://paesloureiro.wordpress.com/




Benoni


terça-feira, 7 de julho de 2009

Sonhador

Inconcebível nem sequer imaginado, as pedras tocam o chão das águas, como estrelas cadentes. O sonhador parado se desloca utilizando as mãos e o obscuro ponto que se abisma em silêncio no absurdo desaparecem. Encarnações da mente projetam peneiras. Trocam sombras e sonhos por pesadelos. Marcam vidas e agora distantes se afastam. Divagam devagar nos relevos e aproximam dos olhos os teus beijos. Tentam projetar a seta no fio. Embora cedo em prantos. Colhendo enterros se obscureceu em perdões e diante do sopro. Espectro alado. Um pequeno bocado de sorte. Atira-se ao acaso.
DOR
Quando vier o sono, que não venha na lembrança à imagem tua. Pois acordarei uma dor, que me parece não ser mais sua. Dor. Não me verá mais. Nas ruas escuras e nas sombras soturnas. Digo que passarei transparente entre os olhos e me embriagarei nos meus pensamentos para fechá-los. Dor. Não me verá mais.
O que eu atraio imã igual soletra doente. Um chute na cara e como diria tarde não vejo suplicar. Encontro por acaso e se for um olhar se curva e tanto mais descubro e você que não identifica o elo da igualdade.
Verão veraneio. Vento forte nos cabelos. Adrenalina correndo no sangue e um bocado de surpresas divertidas. Muita liberdade conjuga férias. Completam batendo na porta. Melhor do que deixa-las tão esquecidas.
“ e se alguém lhe perguntar quem eu sou, diga apenas que tenho vida e meu sorriso ilumina o caminho. Se perguntarem novamente, quem eu sou, diga que seria uma árvore que sempre se vê quando passa pela rua. Conte tudo sobre o meu eu e diga que sempre existiu o amor e ele reside em mim. Não fale que a tristeza se fixou na minha face, apenas um estado contemplativo do meu outro eu que não sou eu. Meu relógio avisou que o tempo é agora e o nunca sempre chega com o nada.” (2008).
Dormindo sobre a rocha e os ombros que se cobrem com as folhas. No vento que adormece a noite. Corto minhas mãos e o desejo de te ver mais perto de mim desaparece. Rios cheios de sangue me apodrecem a ferida. Vaza pela garganta e escorre através da barriga. (2008.)
CRONOS DO ACASO

O que me atrai mais em ti quando corre para bater com o vento a porta. É quando soletra mudanças no clima pelas palavras. Interrompendo vazios. Intercalando casas. Repetições profundas. Cronos do acaso.



- Eu gostaria de falar com o senhor Espelho.
- O senhor Espelho não está.
- Espere!
- Olhe! Vou logo lhe dizendo. Ele está desempregado.
- Não adianta. Ele está morto.

Aguarda mudo ao telefone sem ao menos mencionar uma palavra. Responde automaticamente:
- Eu ligarei outro dia para falar com ele.
A mãe responde:
- Não adianta falar mais. Ele parece não estar mais aqui.
- Sério!
- Você deve estar brincando!
- Eu, não!
- Espelho sempre reflete. Refletido.
- Hoje. Agora.
- Amanhã!
Se foram confluentes nos meus dentes. Expressos na ruína decadente desta sociedade e quanto mais surgem e se criam. Replicam igualmente na vida o zelo dos dias. Mesmo que se foram ou se eles estão vindo. Vamos ver sorrir novamente. Tentando sempre sem saber o que, mais e mais acreditam apenas mais nos teus sorrisos. Digo para apenas não agradar a expressão que marca os meus dilemas nos dias que se mostram o escuro crescente estremecer. Pelas ruas volta para ti sorridente o amanhã refletir novamente...